IDIS divulga segunda parte da Pesquisa Doação Brasil, traz dados inéditos no país e mostra que o doador brasileiro reconhece a importância do trabalho das ONGs, mas não confiam na maior parte delas.
O IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) apresentou, no último dia 18, o segundo bloco de resultados da Pesquisa Doação Brasil. Se você ainda não conferiu a primeira parte, leia O que motiva o doador brasileiro? ;). Os novos dados focam no relacionamento dos brasileiros com as ONGs e com a prática de doação institucional no país.
A pesquisa foi feita em duas etapas: a primeira, qualitativa, em outubro de 2015, com 10 grupos focais em Recife, São Paulo e Porto Alegre. A segunda etapa, quantitativa, entre março e abril de 2016, com 2.230 entrevistados, com 18 anos ou mais, residentes em áreas urbanas e com uma renda familiar mensal igual ou superior a um salário mínimo. Toda as pesquisas foram relativas ao ano de 2015. Confira os principais resultados.
Doação individuais totalizaram 0,23% do PIB do Brasil em 2015
Em 2015, as doações individuais dos brasileiros totalizaram R$ 13,7 bilhões, o que corresponde a 0,23% do PIB do Brasil, valor maior do que temos de estatísticas relacionadas às empresas. “Os indivíduos são mais responsáveis pelo sustentos das organizações de sociedade civil do que as empresas”, aponta Paula Fabiani, presidente do IDIS.
Reconhecem o trabalho, mas desconfiam da maior parte das ONGs
O brasileiro está muito descrente, é preciso resgatar a credibilidade nas instituições. Segundo a pesquisa, 71% da população entende que as ONGs dependem de doações para obter recursos e funcionar e 44% concorda que essas instituições fazem um trabalho competente. Por outro lado, apenas 26% dos entrevistados consideram a maior parte das ONGs confiável. “A pesquisa mostra que os brasileiros entendem a importância e valorizam o trabalho das ONGs, mas elas, como muitas outras instituições, acabaram se contaminando pela onda de escândalos e desconfiança que atinge o Brasil”, avalia Paula.
O doador brasileiro é fiel
A pesquisa mostrou que 64% dos doadores contribui apenas para uma instituição e, ainda, que 70% dos doadores costumam doar sempre para as mesmas instituições, ano após ano. Esse dado nos mostra o potencial em trabalhar campanhas de retenção entre os atuais doadores.
Temos muito trabalho à frente
Um dos objetivos da pesquisa é, com os dados, basear a criação de uma campanha pela cultura de doação no país. A partir do estudo do comportamento dos doadores, a pesquisa destacou quem é o público que deve ser focado para uma campanha pela cultura de doação, que são as pessoas que nunca doaram dinheiro, mas doam tempo/bens; as que já doaram nos últimos anos, mas agora não estão doando nada ou estão doando tempo/bens. Essa parcela corresponde a 39% da população.
A questão do recurso financeiro é relativa
Quando perguntadas sobre por que não doam, as pessoas dizem, em respostas espontâneas, que não têm dinheiro. Mas na pergunta em que a resposta foi estimulada, há uma inversão. A falta de dinheiro ficou em terceiro lugar, mostrando que a questão do recurso financeiro é uma questão relativa – mesmo as pessoas com baixa renda fazem doações expressivas.
O doador precisa de mais mecanismos para fazer a doação
Entre os modos considerando mais convenientes entre os doadores estão os sites de pagamento como o PayPal, PagSeguro, o arredondamento de troco nos comércios e os portais de financiamento coletivo.
O que a gente aprende com a Pesquisa Doação Brasil?
- Temos muito espaço para crescer, não só em volume, mas em quantidade de indivíduos que doam;
- Em um momento de turbulência, principalmente política, é preciso melhorar a percepção que a população tem sobre as ONGs. Transparência e prestação de conta tornam-se urgentes. Os doadores querem saber como o dinheiro está sendo usado;
- Pedir. Dentre os maiores motivos de “por que não doaram em 2015” está a resposta ‘Ninguém me pediu”;
- Os doadores brasileiros são recorrentes e fiéis. É preciso alcançar novos doadores e, mais que isso, fidelizá-los.
Veja todas as informações das pesquisas na apresentação abaixo ou no site.