Neste mês de junho, dois estudos inéditos no país trazem informações a respeito do doador brasileiro: a Pesquisa Doação Brasil e o Diagnóstico Fatores Críticos para Ampliar a Cultura de Doação e Mobilização de Recursos no Brasil, que contribuem para o entendimento das motivações dos doadores e na criação de novas estratégias a fim de que a prática seja ampliada.
A Pesquisa Doação Brasil aconteceu por meio do IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) em parceria com diversas organizações. Foram entrevistadas 2230 pessoas em todo o país, com 18 anos ou mais, residentes em áreas urbanas e com uma renda familiar mensal igual ou superior a um salário mínimo.
Grande parte dos brasileiros (77%) disse ter feito algum tipo de doação no último ano. O estudo também levantou dados que mostram a mulher com ensino superior, praticante de alguma religião e moradora das regiões Norte ou Sudeste, com renda familiar e individual acima de 4 salários mínimos, como o perfil típico do doador brasileiro.
Perguntados sobre as razões que os levam a doar, a maioria dos entrevistados respondeu que a solidariedade seria o principal motivo. A religião também é um fator importante, sendo a doação um hábito entre 58% dos espíritas, 51% dos católicos e 45% dos evangélicos.
Imagem: Pesquisa Doação Brasil
Em relação ao que determina o fato de alguém não doar ou ter interrompido a prática, 43% responderam que seria a falta de dinheiro, 17% disseram não confiar em instituições e 7% alegaram que ninguém nunca pediu. A pesquisa também mostrou uma relação direta entre a idade e a doação em dinheiro. Quanto maior a faixa etária, mais comum é este tipo de doação.
Já o diagnóstico teve como objetivo ajudar as pessoas e organizações que fomentam a cultura filantrópica no país a terem a seguinte questão respondida: “Quais são os fatores críticos mais importantes para ampliar e fortalecer a cultura de doação e mobilização de recursos no Brasil?”. Para isto, foi criado um relatório com o resultado de diversos dados referentes às pesquisas, entrevistas e estudos feitos.
Sobre os doadores, estes foram divididos entre famílias de alto poder aquisitivo, empresas e outras instituições. Também foi criado um mapa com os recursos investidos no setor que comprovaram que 60% das doações no Brasil acontecem de recursos próprios, seguidos pela filantropia privada, que representam 31,5%.
Em relação às falhas existentes no processo de doação, foi destacado o fato de muitos doadores preferirem fazer algo sozinhos em vez de se associarem a instituições. Também foi notado que há mecanismo não explorados no Brasil, como o uso de alguns benefícios fiscais. Outra necessidade de mudança apontada foi no uso do termo “impacto social” em vez de “caridade”.
Olhar para o futuro
Com o lançamento destes dois estudos, é possível perceber que há algo a ser mudado na cultura de doação e que a relação entre as organizações da sociedade civil e a população devem ser trabalhadas para que as pessoas queiram participar mais ativamente destas práticas.
Quer saber mais? Confira nosso post sobre as melhores práticas de captação de 2016, onde damos dicas de como usar alguns destes dados a favor da sua ONG.